quarta-feira, 24 de março de 2010

A morte como estilo de vida


Um irmão aproximou-se do ancião e lhe perguntou: "Pai, dize-me uma palavra! Como posso alcançar a salvação?” O ancião lhe deu esta instrução: “Vai ao túmulo e insulta os mortos”. O irmão foi, pois, insultou-os e jogou-lhe pedras. Então voltou e o contou ao ancião o que havia feito. Este perguntou: “Eles não te disseram nada?” Ele respondeu: “Não!” Então o ancião lhe disse: “Vai lá mais uma vez amanhã e os elogia!” O irmão foi e os elogiou, dizendo: “Apóstolos, santos, justos!” E veio até o ancião e lhe contou: “Eu os elogiei!” E ele perguntou: “Eles não responderam nada?” O irmão respondeu: “Não!” Então o ancião o instruiu: “Tu sabes o quanto os insultaste e eles não te responderam – e quanto os elogiaste e eles nada disseram. Assim, deves ser tu, também, se quiseres alcançar a salvação. Torna-te um cadáver, despreza tanto a injustiça como o louvar dos homens, da mesma maneira como os mortos e hás de ser salvo!

Todo aquele que segue a Cristo deve se tornar independente do reconhecimento dos homens. Nem louvor nem injúria devem significar coisa alguma para ele, mas unicamente Deus. Mas como em cada pessoa existe o instinto de buscar o reconhecimento dos homens, a liberdade dos elogiou e das injúrias é descrita com a imagem da morte.

Nesse silêncio, o seguidor se torna morto para o mundo. O mundo deixa de ser importante para ele. Ele não deixa de ter sentimentos como um morto, mas deixa o mundo de uma maneira tão radical que se torna morto para ele a fim de viver unicamente para Deus. Quando chegar a essa morte interior, ele consegue viver no mundo sem ser dominado por ele. Vive no mundo, mas não é do mundo. Sua razão de viver é Deus.

Devemos, pois, morrer interiormente, a fim de deixarmos espaço em nós para a verdadeira vida. Se imaginarmos que dentro de três dias estaremos enterrados, o que haveríamos de deixar para trás? Tudo quando em nós é morto, todo peso que não tem sentido, todas as posses que carregamos conosco, as opiniões as quais nos apegamos, os papéis que desempenhamos e as máscaras que usamos; tudo isso nos seria tirado. E, então, poderíamos levantar-nos do túmulo como homens novos.

As normas para uma vida autêntica, portanto, são manifestadas a nós no túmulo. Não se trata de fugir à luta que a vida exige de nós, mas sim de alcançarmos a verdadeira vida, para experimentarmos a ressurreição de Cristo em meio às tarefas do dia a dia.

Extraído do livro “As Exigências do Silêncio” (Anselm Grün).

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