sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Escorpião e o Velho

Havia um velho que costumava meditar toda manhã bem cedo sob uma enorme árvore na margem do Ganges.

Certa manhã, depois de ter terminado sua meditação, o velho abriu os olhos e viu um escorpião flutuando sem defesa na água. Quando o escorpião se aproximou da árvore pela água, o homem depressa se estirou sobre uma das longas raízes que se espraiava rio adentro e estendeu a mão para resgatar o animal que se afogava. Logo que o tocou, o escorpião picou-o. Instintivamente, o homem recolheu a mão. Um instante mais tarde, depois de recuperar o equilíbrio, ele se estirou novamente sobre as raízes para salvar o escorpião. Desta vez o escorpião picou-o tão gravemente com sua cauda venenosa que a mão do homem ficou inchada e ensangüentada, e seu rosto contorcido de dor.


Naquele momento, um passante, vendo o velho estirado no chão a lutar com o escorpião, gritou:

― Ei, velho imbecil, o que há de errado com você? Só um idiota arriscaria a vida por uma criatura tão feia e maligna. Você não sabe que pode se matar tentando salvar esse escorpião ingrato?

O velho virou a cabeça. Olhando o estranho nos olhos, disse calmamente:

― Meu amigo, só porque é da natureza do escorpião picar, não muda minha natureza de salvar.

História de Henri Nouwen, recontada por B. Manning em “A Assinatura de Jesus”, pg. 127.

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