sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Cultura indígena

O texto a seguir é o relato de Jean de Léry, um francês que, em 1557, fez parte de um grupo que tentou estabelecer no Rio de Janeiro uma colônia com fins comerciais (Jean de Léry - Viagem a Terra do Brasil, 1557).


Certamente, temos muito que aprender com a cultura indígena.



Os índios não compreendem o mercantilismo!

Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros que se deram ao trabalho de ir buscar seu arabutã (pau-brasil).
Uma vez, um velho perguntou-me: – Por que vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?
Respondi que tínhamos muitas, mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como supunha ele, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: – E porventura precisais de muito?
– Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem muitos negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras marcadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados.
– Ah!, retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhes dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre?
– Sim, disse eu, morre como os outros.
Mas os selvagem são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim. Por isso, perguntou-me de novo: – E quando morrem, pra quem fica o que deixam?
– Para seus filhos, se os têm, respondi. Na falta destes, para os irmãos ou parentes mais próximos.
– Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros mair sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem. Não será a terra que nos nutriu suficiente para alimentá-los também? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estarmos certos de que, depois de nossa morte, a terra que nos nutriu também os nutrirá. Por isso descansamos sem maiores
cuidados.
(Revista Alvorada, nº. 57, p. 38, 2009)
.
Quer refletir mais? Leia Mateus 6.24-34.

Um comentário:

  1. Olá Pastor.
    Este relato, juntamente com tua palavra no culto de sábado me auxiliaram muito nas atividade que precisava concluir para a faculdade: a mudança de paradigmas alicerçada na confiança em Jesus.
    Creio que Deus é fiel pra completar a obra que já iniciou, como cantamos no sábado!

    Um abraço

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