quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A liberdade da vida simples

No discurso que fez sobre a pobreza, Jesus declarou a intenção de “libertar os oprimidos” (Lc 4.18). Enquanto andou no meio do povo pregando e curando, ele percebeu as muitas opressões que assolavam sua gente. Para ajudá-los a carregar esse fardo, o Mestre fazia constante referência ao mais pesado de todos os fardos: a garantia do sustento de amanhã.

Jesus notou que as pessoas ficavam pobres quando tentavam enriquecer e também percebeu a terrível vulnerabilidade dos que achavam que a provisão era responsabilidade deles e queriam ser os melhores. O apóstolo Paulo afirma que quem deseja obter riquezas cai em “muitos desejos descontrolados e nocivos” (1Tm 6.9-10). Por certo, ele sabia qual era o desejo do coração de muitos de seus contemporâneos: a conquista de riquezas.

Cristo também não deixou de notar como as pessoas ficavam abaladas por não conseguirem enriquecer. Na época, a pobreza era considerada um sinal da reprovação divina. Os que não conseguiam acumular bens terrenos inclinavam-se a pensar que, por algum motivo, Deus estava insatisfeito com eles. Lembra-se de como os discípulos ficaram perplexos quando Jesus disse que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no Reino de Deus (Mt 19.24)? De início, eles ficaram espantados por causa da crença vigente, segundo a qual os bens do jovem rico eram um sinal do favor divino. Por isso, os discípulos perguntaram: “Nesse caso, quem pode ser salvo?” (19.25).

Jesus percebeu que os judeus se ressentiam com o fato de serem pobres, sentindo-se humilhados e acreditando que Deus não se agradava deles. Jesus muitas vezes contradisse essa doutrina falsa e destrutiva, mostrando que, na contabilidade divina, os pobres, oprimidos e deficientes eram objeto especial das bênçãos e do cuidado de Deus (Mt 5.1-12). Por meio de palavras e ações, ele procurou aliviar o peso dos desanimados e desesperançados.


Jesus viu também o enorme fardo que pesava sobre os que haviam enriquecido e queriam continuar assim. Ele conhecia o caráter maligno da riqueza e alertava sobre os problemas a ela relacionados. Advertia também contra o “engano das riquezas” (Mt 13.22). As riquezas são enganosas justamente porque nos induzem a confiar nelas, e Jesus percebeu a armadilha, bem como a real ameaça a destruição espiritual. Esse era o fardo que incomodava o jovem religioso e rico. Na verdade, ele não possuía “muitas riquezas”; elas é que o possuíam. De todas as opressões, essa era a mais debilitante para sua vida espiritual.

A todos os que carregam o fardo do amanhã, ou qualquer outro fardo, Jesus estende seu gracioso convite:

Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.
(Mt 11.28-30)


R. Foster

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